Brasileiro relata cenário de destruição em Atenas
Manifestações na capital da Grécia deixam ao menos três mortos nesta quarta-feira
Ao menos três pessoas morreram nesta quarta-feira em um incêndio provocado por manifestantes durante uma passeata no centro de Atenas contra as medidas de austeridade do governo. "O cenário é de destruição no centro de Atenas. As lojas estão destruídas, há muitos destroços pelo chão e muita coisa queimando", disse, em entrevista ao iG, o brasileiro Mauricio Teixeira, que passa férias no país.
Segundo Teixeira, praticamente todo o comércio de Atenas amanheceu fechado nesta manhã, com exceção de alguns bares e restaurantes em uma área afastada da cidade. "Na terça-feira a situação estava tranquila por aqui, com apenas alguns protestos isolados. Mas o clima ficou mais tenso e há muita gente protestando na região do Parlamento", disse.
A passeata desta quarta-feira até o Parlamento grego reuniu cerca de 30 mil pessoas, segundo a polícia, que protestavam contra as propostas do governo para realizar cortes profundos no orçamento, em troca de um bilionário pacote de ajuda da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional.
Nos incidentes mais graves desde o início do atual governo socialista, em outubro, centenas de grevistas atiraram pedras, pedaços de mármore e garrafas na polícia, incendiaram lixeiras e tentaram repetidamente invadir o Parlamento, logo antes de os parlamentares iniciarem um debate sobre as medidas de arrocho fiscal.
A tropa de choque repeliu os manifestantes usando gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral. "A fumaça tomou conta de vários quarteirões, afetando várias pessoas que não participavam do protesto. Era possível ouvir as bombas explodindo e houve muita correria", afirmou o brasileiro Mauricio Teixeira.
Aos gritos de "Assassinos" e "Queimem o Parlamento", jovens mascarados atiraram bombas incendiárias e quebraram vitrines, refletindo a indignação popular com os dolorosos cortes de salários e aposentadorias que o governo pretende fazer.
Na avenida Stadiou, no centro da capital, uma grande coluna de fumaça se erguia aos céus por causa de um incêndio em um prédio de dois andares onde funciona uma agência do banco Marfin. As autoridades dizem que dois outros edifícios centrais foram incendiados durante o protesto.
A polícia estimou que havia 27 mil pessoas na passeata, mas testemunhas afirmaram que havia pelo menos 40 mil - o maior protesto desde o início da crise da dívida grega, no final de 2009.
País em greve
O funcionalismo público e privado realiza atualmente a sua terceira greve conjunta neste ano, o que paralisa voos, comércio e transportes públicos.
Os transportes aéreos, marítimos e ferroviários estão parados, a maioria das escolas e administrações públicas fechadas. Os bancos e as grandes empresas do setor público funcionam com poucos funcionários e os hospitais garantem apenas os serviços de emergência. A greve inclui a imprensa, com os serviços jornalísticos de rádios, TVs e jornais interrompidos.
"Essas medidas são horríveis", disse a comerciante Maria Tzivara, de 54 anos. "Tenho medo de ser demitida ou que meu salário seja cortado. Vai ser muito duro."
O primeiro-ministro George Papandreou submeteu na terça-feira o programa de austeridade ao Parlamento, com a previsão de uma economia de 30 bilhões de euros (US$ 40 bilhões) resultante das reduções de salários e pensões e da elevação do IVA (imposto sobre mercadorias e serviços).
A oposição conservadora promete votar contra a lei, tornando mais improvável um consenso político nacional sobre as medidas. O governo, no entanto, tem ampla maioria parlamentar e deve aprovar o projeto nesta semana.
Até agora, as manifestações eram em geral pacíficas, e os incidentes de quarta-feira remetem aos distúrbios que sacudiram a Grécia em 2008, depois de um adolescente ser morto pela polícia.
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