Polícia conclui inquérito sobre ato obsceno, embriaguez e corrupção.
Juiz pediu para apurar possíveis abusos cometidos por policiais.
Imagens do circuito interno da delegacia de Ibiporã (PR) mostram que o padre Silvio Andrei Rodrigues, preso em 16 de maio deste ano, foi empurrado por um policial e foi algemado pelos pés dentro da repartição pública. O religioso foi indiciado, de acordo com a Polícia Civil, sob a suspeita de corrupção ativa, embriaguez ao volante e ato obsceno. Ele estava nu no momento da prisão.
Imagem mostra padre sendo agredido por policialO inquérito do caso foi concluído nesta sexta-feira (11) pelo delegado Marcos Belinatti e encaminhado ao Ministério Público da cidade. "Encontramos o adolescente que teria sido abordado pelo padre quando dirigia nu. Ele nos relatou que teria recebido uma proposta de ordem sexual por parte do padre, mas isso, por si só, não se configura crime, apenas contravenção. Nem levei isso adiante no relatório."
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O delegado disse ainda que o juiz Sérgio Aziz Neme, do Fórum de Ibiporã, assim que recebeu as imagens, pediu que fosse instaurado um segundo inquérito policial para investigar possíveis abusos de policiais civis e militares no momento da prisão do padre. "Ainda tenho prazo para concluir esse relatório. Pelos depoimentos, o policial que impede o padre de se vestir é militar. Ele alegou que precisava registrar a maneira como o padre estava vestido no momento da prisão. Por isso retirou a calça das mãos do religioso."
Belinatti informou que o policial militar pode não ter sido informado que o local era filmado e as imagens, gravadas e, por essa razão, não haver a necessidade de fazer fotografias do padre nu. "Sobre as algemas nos pés do padre, os policiais nos disseram que a medida foi necessária para evitar que o padre ficasse andando pela sala, pois ele estava muito agitado. Havia uma escopeta na sala de plantão da delegacia e ela poderia ficar ao alcance do padre." O delegado disse ao G1 que a arma foi retirada do local e que isso bastaria para evitar algum tipo de problema.
O inquérito instaurado a pedido do magistrado será concluído na próxima semana.
O tenente Marcelo Barros, comandante do 2º Pelotão da Polícia Militar de Ibiporã, disse ao G1que as agressões supostamente cometidas contra o padre na delegacia não foram cometidas por militares.
O advogado do padre, Rafael Soares, disse que as imagens foram divulgadas apenas nesta semana após aprovação do juiz Neme. "Ele atendeu a um pedido nosso para que as imagens da violência contra o padre fossem divulgadas ao público. Até agora, as imagens foram mantidas em segredo, pois o processo seguia em segredo de Justiça."
Perfil
Segundo a Arquidiocese de São Paulo, o padre é sacerdote da Sociedade do Apostolado Católico, mais conhecida como Congregação dos Padres Palotinos, cujo Reitor Provincial, Padre Júlio Akamine, acompanha de perto o caso. Ele está em São Paulo, onde aguarda o andamento dos dois inquéritos.
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