Qual foi o festival de rock mais importante da história?

por Érica Montenegro


Foi o festival de Woodstock, que rolou numa fazenda na cidade de Bethel, no estado de Nova York (EUA), entre os dias 15 e 18 de agosto de 1969. O evento reuniu cerca de 450 mil pessoas para ouvir muita música - foram mais de 30 atrações, dentre os maiores nomes da época, como Janis Joplin e Jimi Hendrix - e celebrar a paz. Àquela altura, os EUA estavam mergulhados na Guerra do Vietnã e crescia entre a juventude americana um movimento de oposição ao conflito. Ao mesmo tempo, cada vez mais gente aderia aos ideais da contracultura, que incluíam amor livre, desapego a bens materiais, vida em comunidade e consumo de drogas. Woodstock acabou sendo uma catarse daquele momento. E as condições ao mesmo tempo caóticas e solidárias em que ele ocorreu - a plateia foi dez vezes maior do que o esperado, tendo que compartilhar barracas, comida e água - perpetuaram o festival como um sinônimo de juventude, hedonismo e contestação. 


• O custo do festival foi de 2,4 milhões de dólares, mas só 1,1 milhão foi arrecadado com a venda de entradas

• No melhor estilo hippie, com a falta de banheiros suficientes, a galera resolveu tomar banho nua em uma lagoa próxima ao palco

• Foram registradas três mortes no festival, mas nenhuma relacionada a violência: uma overdose de heroína, uma apendicite e um atropelamento

• Na esteira do aniversário do festival quarentão, o diretor Ang Lee, o mesmo de O Tigre e o Dragão, lançou em 2009 o filme Aconteceu em Woodstock


Fenômeno Hippie 

Cerca de 450 mil pessoas dançaram ao som de dezenas de bandas no concerto mais lendário de todos os tempos 


Hora do Rush

As vias de acesso à fazenda ficaram bloqueadas por engarrafamentos de até 30 km no primeiro dia do festival. Muita gente largou o carro e seguiu a pé. Algumas bandas só chegaram ao local em helicópteros. No segundo dia, os organizadores também usaram helicópteros para jogar frutas e sanduíches para a plateia


Invasão Roqueira

A princípio, os shows em Woodstock não eram gratuitos. O ingresso custava 8 dólares para cada um dos dias. Só que, logo no primeiro, as cercas foram derrubadas pelo público. O festival acabou dando o maior preju aos organizadores, todos jovens com menos de 27 anos


Festival de filas

A estrutura foi preparada para 50 mil pessoas, quase dez vezes menos do que o público que compareceu. Por isso, não havia espaço para acampar, banheiros, telefones, comida e água suficientes. As filas nos 60 orelhões disponíveis duravam duas horas. As dos 600 banheiros, quase meia hora


Liberou Geral

A fazenda virou território livre para o consumo de drogas, como maconha e LSD. Eram tantos usuários que a polícia simplesmente desistiu de fazer apreensões. A coisa era tão liberex que um sujeito chegou a anunciar no microfone que umLSD à venda causava "viagens" ruins. Seu conselho: "Tomem só a metade"


Paz e Amor

Apesar da precariedade da organização, foi uma festa tranquila, com participação até de crianças. Dois nascimentos foram registrados na fazenda. Os hippies não eram bem-vistos, mas o bom comportamento deles deixou os moradores das redondezas impressionados


Palco Estrelado

Entre as mais de 30 atrações que se revezaram no palco durante o festival, estavam alguns dos maiores nomes da história do rock, como Janis Joplin, The Who, Creedence Clearwater Revival, Santana e Jimi Hendrix, que fez uma apresentação antológica (veja no boxe acima)


Hino bombástico 

Guitarra de Jimi Hendrix criticou a Guerra do Vietnã 

Escalado para fechar a festa, Jimi Hendrix (1942-1970) protagonizou um dos momentos mais memoráveis do festival. Entrou no palco por volta das 9 h de segunda-feira, dia 18 de agosto. Naquela hora, havia apenas cerca de 40 mil pessoas na plateia. Os privilegiados assistiram boquiabertos à versão que Hendrix improvisou de The Star Spangled Banner - o hino dos EUA. Com sua guitarra, reproduziu sons de bombas e de helicópteros em meio ao hino numa clara crítica à ação americana no Vietnã. A apresentação é um dos destaques do filme Woodstock, de Michael Wadleigh, que levou o Oscar de melhor documentário em 1971, ganhando uma versão turbinada em 2009, nas comemorações dos 40 anos do festival.

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